quarta-feira, 29 de abril de 2009
A Moda e a Semiotica
E sintetiza mostrando ser esta situação “uma autonomia que emancipa o sujeito proporcionando-lhe, entre outras coisas, um estilo próprio de vestir. Um estilo capaz de expressar o que ele está–sendo e o que ele é sem-estar-sendo, coerente com o movimento contínuo de concretização que lhe permite ser representante de si, com autonomia, na busca da mesmidade.” (Idem, Ibidem)
Ana Paula Celso de Miranda e Maria Carolina Garcia, afirmam que “atitudes levam as pessoas a gostarem ou não das coisas, aproximarem-se ou afastarem-se delas. Esses gostos e desgostos são chamados atitudes.” (MIRANDA, 2003)
Estas mesmas autoras, citando Eco, afirmam que “sendo a moda símbolo na essência, parece certo afirmar que à ela se aplica perfeitamente transferência de significados, visando a comunicação integrante de sociedades, onde tudo comunica, sendo assim, o vestuário é comunicação.” (MIRANDA, e GARCIA, 2003)
O indivíduo possui tendência psicológica a imitação e proporciona a satisfação de não estar sozinho. Imitar não só transfere a atividade criativa, mas responsabilidade sobre a ação dele para o outro. A necessidade de imitação vem da necessidade de similaridade. Daí a moda é a imitação de modelo estabelecido que satisfaça a demanda por adaptação social, diferenciação e mudança, que é adotada por um grupo social.
A moda, dentre outras, possui, duas vertentes singulares: uma é a individualidade e a outra a necessidade de integração social. Salomon, a nós trazido por Ana Paula Celso de Miranda e Maria Carolina Garcia ensina que “moda é processo muito complexo que opera níveis. Em um extremo, está o macro, fenômeno que afeta muitas pessoas simultaneamente, ela exerce efeito muito pessoal no comportamento individual. As decisões de compra do consumidor freqüentemente motivadas pelo desejo de estar na moda.” (MIRANDA e GARCIA, 2003)
As mencionadas autoras, agora com substrato em Freyre registram que “a moda se impõe (...) é a pressão, sobre esse gosto de um consenso coletivo.” (MIRANDA e GARCIA, 2003)
Dos muitos símbolos e expressões, a roupa é uma das mais importantes linguagens não verbalizadas do eu que passa de controle social. Por ela as pessoas procuram comunicar para os outros, esta percepção de si, que demandam a integração social mediante o que é culturalmente aceito. A moda é um dispositivo social, portanto o comportamento orientado pela moda é fenômeno do comportamento humano generalizado e está presente na sua interação com o mundo. Nesse sentido afirma Baudrillard que “se modernidade define-se pela hegemonia do código, a moda, enquanto dimensão total dos signos, é sua instância emblemática. A moda constitui uma ruptura profunda no pensamento discursivo, mergulhando-o na irreverência absoluta, ela desarticula o esquema tradicional da representação”. (BAUDRILLARD, 1996)
A conclusão a que se chega é no sentido de que emoções são signos e, como tais a moda nos causa emoções. Nesse ponto, o caminho parece estar aberto para a nossa análise semiótica da moda como uma emoção, em pecado emocional que é um signo.
Semiotica e Cultura
Cultura é um sistema semiótico, um sistema de textos, e, enquanto tal, um sistema perceptivo, de armazenagem e divulgação de informações. Como os processos perceptivos são inseparáveis da memória, na estrutura de todo texto se manifesta a orientação para um certo tipo de memória, não aquela individual, mas a memória coletiva. Cultura é assim memória coletiva não-hereditária.
Charles Sanders Peirce
Filósofo, cientista e matemático americano.
Charles Sanders Peirce licenciou-se em ciências e doutorou-se em Química em Harvard. Ensinou filosofia nesta universidade e na Universidade de John Hopkins. Foi o fundador do Pragmatismo e da ciência dos signos: a semiótica.
Peirce concebia a Lógica dentro do campo do que ele chamava de teoria geral dos signos, ou Semiótica. Os últimos 30 anos de sua vida foram dedicados a estudos acerca da Semiótica, para Peirce um sistema de lógica. Produziu cerca de 80.000 manuscritos durante a vida, sendo que 12.000 páginas foram publicadas.
A Semiótica Peirciana pode ser considerada uma Filosofia Científica da Linguagem. A Fenomenologia é a ciência que permeia a semiótica de Peirce, e deve ser entendida nesse contexto. Para Peirce, a Fenomenologia é a descrição e análise das experiências do homem, em todos os momentos da vida. Nesse sentido, o fenômeno é tudo aquilo que é percebido pelo homem, seja real ou não.
Seus estudos levaram ao que ele chamou de Categorias do Pensamento e da Natureza, ou Categorias Universais do Signo. São elas a Primeiridade, que corresponde ao acaso, ou o fenômeno no seu estado puro que se apresenta à consciência, a Secundidade, corresponde à ação e reação, é o conflito da consciência com o fenômeno, buscando entendê-lo. Por último a Terceiridade, ou o processo, a mediação. É a interpretação e generalização dos fenômenos.
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